OS PROCESSOS, PROCEDIMENTOS E RESULTADOS DA AUTOAVALIAÇÃO DO PROGRAMA, COM FOCO NA FORMAÇÃO DISCENTE E PRODUÇÃO INTELECTUAL

A implantação do processo de autoavaliação no programa de pós-graduação em engenharia civil (PEC) beneficiou-se da mudança de cultura da Universidade de Pernambuco (UPE) como um todo, que iniciou o processo de autoavaliação alguns anos atrás. O referido processo iniciado pela UPE gerou mudança de paradigma institucional com reflexos na graduação e na pós-graduação com evolução gradativa visando a completa assimilação do processo.

Os processos de autoavaliação foram discutidos nas diversas instâncias e culminou com a implantação da Política de Autoavaliação da Pós-Graduação Stricto Sensu (Resolução do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão Nº 086 aprovada na sua versão final em 2020). A referida resolução é um marco importante em sintonia com o novo modelo de avaliação multidimensional amplamente debatido com a comunidade da pós-graduação stricto sensu. Por meio deste instrumento, são definidas as diretrizes institucionais para o planejamento estratégico dos Programas e o acompanhamento periódico de seus resultados.

Processo de implantação da Autoavaliação no PEC

As reuniões de autoavaliação do PEC são realizadas anualmente com a presença de todos os professores do programa, funcionários e dois representantes do corpo discente (eleitos pelos seus pares). Ainda em 2020 foi aplicado os questionários de autoavaliação para os diversos grupos que compõe o PEC (docentes, discentes e funcionários). As respostas dos questionários serviram de base para reuniões posteriores, onde avaliou-se os pontos fortes e fracos do programa, assim como implantar estratégias para mitigar as fragilidades e fortalecer as positividades nos próximos anos. No primeiro semestre de 2020 foi aplicado novamente os questionários de autoavaliação e as respostas, neste momento, serviram tanto para identificar se os procedimentos adotados foram satisfatórios como para identificar novas fragilidades.

Nas avaliações realizadas foi verificado também que a vocação do programa e seus objetivos estão expressos de maneira clara e objetiva e que apresentam coerência com as atividades realizadas. A seguir são comentados os pontos fortes e fracos do programa de acordo com o processo de diagnóstico realizado. O PEC estabeleceu que sua missão é promover o desenvolvimento científico e tecnológico da construção civil em Pernambuco e no Nordeste, num ambiente de aprendizagem motivante e encorajador, integrando teoria e prática, recebendo demandas do mundo real, criando soluções inovadoras, destacando a eficiência dos processos construtivos levando em conta a funcionalidade, o ciclo de vida e a sustentabilidade das construções.

Alguns dos principais pontos fortes do PEC reforçam as características de sua missão e podem ser elencados como: a) Foco na construção do prédio e no seu entorno, b) Abordagem multidisciplinar do ensino e da pesquisa, c) Pesquisa científica e tecnológica com objetivo de atender as necessidades da região, d) Atendimento a uma demanda de aprimoramento profissional de Pernambuco e de vários estados, e) Programa em fase de ascensão, f) Sustentabilidade do prédio, do seu entorno e do ambiente construído das cidades. A seguir são detalhados os pontos elencados:

a) Foco no prédio e no seu entorno - Foi o primeiro curso aprovado da região Nordeste na área específica de construção do prédio e seu entorno. O programa oferece disciplinas referentes à construção de edificações incluindo a parte de fundações bem como disciplinas aplicadas ao planejamento e gerenciamento do processo construtivo. Além disso é um dos poucos programas de pós-graduação do norte-nordeste que desenvolve ensino e pesquisa referente à segurança na construção civil. Sendo assim, os pós-graduandos aprimoram suas habilidades para atuar nas diversas fases do planejamento e execução na indústria da construção civil.

b) Abordagem multidisciplinar – Para um adequado planejamento e desenvolvimento do prédio e da cidade é necessário analisar um conjunto de diversas visões sobre o objeto de estudo. Para isto contribui a origem exógena do corpo docente com formação diversificada em universidades de renome nacional e alguns com formação internacional. Vários docentes fizeram pós-doutorado no exterior trazendo outras visões e outras formas de pensar. Tem havido esforços no sentido de realização de missões técnicas em universidades estrangeiras.

c) Atendimento das necessidades da região – Desde o início das atividades do programa, tem havido a preocupação de realizar esforços para resolver problemas da região, como por exemplo a questão das fundações de prédios em Recife, Jaboatão e Olinda em que o solo formado por sedimentos de origem flúvio marinha apresenta em alguns locais extensos bolsões de argila mole que requerem conhecimento mais aprimorado para projeto de alicerces adequados.

Uma prova do atendimento às necessidades da região é a integração do Programa junto ao Setor Produtivo da Construção Civil em Pernambuco, através do desenvolvimento de pesquisa e assistência técnica junto a entidades setoriais (SINDUSCON/PE, SEBRAE/PE, ABCP, ABES-PE e ADEMI/PE) e empresas construtoras, inclusive com o envolvimento dos alunos de graduação e pós-graduação. Um outro fato positivo é a integração com órgãos públicos que têm buscado apoio científico e tecnológico na universidade, como por exemplo a Secretaria de Administração do Estado (SAD-PE) e a empresa de manutenção e limpeza urbana (EMLURB – Recife).

d) Atendimento a uma demanda de aprimoramento profissional – O programa vem sendo procurado por muitos profissionais da engenharia civil da região. Alguns alunos são recém-formados, mas grande parte do corpo discente é formada por profissionais atuando no mercado de trabalho e que buscam no PEC/POLI o aprimoramento dos conhecimentos necessários para sua progressão na carreira. O Programa tem capacidade de atração de estudantes de fora da instituição, alguns do interior do estado e alguns de fora do estado de Pernambuco. Cada turma geralmente tem alunos de outros estados, como Paraíba, Alagoas, sul do Ceará ou sudeste do Piauí. O programa tem tido aumento na concorrência por vagas com exceção do ano de 2020 por causa da pandemia.

e) Programa em fase de ascensão –A maior parte dos professores é professor associado, três professores são pesquisadores de produtividade em pesquisa do CNPq, o número de publicações está aumentando. Alguns pontos que confirmam a fase ascendente do programa são: a participação de docentes e discentes em congressos nacionais e internacionais; a produção de trabalhos científicos em congressos nacionais e internacionais, com a participação de discentes, a produção de livros e capítulo de livros, o aumento de publicações em extratos Qualis de maior nível, bem como a busca de oportunidades e integração com outras universidades internacionais e nacionais.

f) Sustentabilidade do prédio e do ambiente construído das cidades – Os novos paradigmas da sustentabilidade têm sido buscados no programa para a área da engenharia civil na pesquisa, no planejamento e na execução de obras analisando ciclo de vida e aspectos econômicos, sociais e ambientais. A sustentabilidade e a resiliência das cidades é um dos grandes desafios atuais. O Programa tem desenvolvido diversos projetos como o uso racional de água em edificações, o uso de material reciclado de demolições, os impactos das mudanças climáticas e da elevação do nível do mar na drenagem urbana que se somam na busca da sustentabilidade do ambiente construído.

O PEC realizou diversas reuniões de autoavaliação para identificar os pontos em que o programa deveria concentrar esforços. Algumas decisões que foram implementadas foram:


a) Ampliar o número de publicações de artigos em periódicos (nacionais e internacionais), produção intelectual, visando principalmente publicações em periódicos com Qualis no estrato A, pontuados para a área. No caso de produção com discentes no mínimo Qualis A4. Como resultado, ocorreu um avanço nestes indicadores nos últimos dois anos. Nos anos de 2021 e 2022 houve um aumento significativo na produção científica, quando comparados ao ano de 2020. Em 2021 e 2022 foram publicados 69 e 65 artigos, respectivamente. Um aumento expressivo, quando comparados ao ano de 2020, onde formam publicados 39 artigos. O mesmo pode ser dito em relação a publicação de livros/capítulos de livros, que em 2020 forma publicados 10. Já em 2021 houve um aumento para 18 publicações, e em 2022 foram publicados 32 livros/capítulos de livros. A publicação em eventos científicos nacionais/internacionais também apresentou um aumento significativo. Passando de 28 publicações em 2020, para 34 em 2021 e 46 em 2022.

b) O outro ponto que pode melhorar refere-se ao número reduzido de docentes e para isto o programa iniciou ações para captar mais docentes pesquisadores em Engenharia de Construção Civil. O colegiado atualizou as normas de credenciamento para ingresso no programa. Ainda em 2020 houve a entrada de dois professores (um colaborador e um jovem docente permanente) e até o momento mais cinco professores iniciaram atividades junto ao mestrado (dois docentes permanentes, dois jovens docentes permanentes e um colaborador). Totalizando um número de 18 professores. Este aumento no número de docentes foi fruto da busca por parcerias envolvendo abordagens multidisciplinares e egressos da instituição.

c) Melhorar a distribuição do número de artigos em periódicos por docente, tendo em vista que há ainda concentração em menos docentes comparado ao quadro total. Em nossas reuniões de autoavaliação foram apresentados gráficos da distribuição da produção individual de cada docente. E metas individuais foram estabelecidas. Também houve uma forte ajuda financeira institucional para a tradução dos artigos. Embora não esteja no ideal, esta fragilidade foi parcialmente sanada. Praticamente todos os docentes tiveram o número de publicações elevadas nos últimos dois anos.

d) Apoiar a qualificação do corpo docente a partir de estágios pós-doutorais e participação de recém doutores em projeto de pesquisa (PosDoc), a fim de melhorar a qualidade do programa. Até o ano de 2019 o PEC dispunha de doutores em estágio pós-doutoral em suas instalações. Entretanto, devido a pandemia, houve uma interrupção nesta modalidade, inclusive com a perda da bolsa que antes se dispunha. Tal fragilidade deve ser sanada com o restabelecimento de parcerias com outras instituições nacionais e internacionais e que deve ser tomada como meta para os próximos anos. Nestas parcerias também se incluem a ida de docentes do PEC para estas instituições, sobretudo as internacionais, a fim de realizarem estágios pós-doutoral.

e) Ampliar a divulgação e de forma adequada as atividades desenvolvidas pelo programa junto à sociedade externa. Observou-se que apenas o site não estava mais sendo o suficiente para divulgar as atividades realizadas. Assim, como forma de mitigar esta fragilidade foi criada uma conta em uma rede social (Instagram), em que é publicado todas as notícias (defesas, bancas, editais, calendários etc.) relativas aos professores, alunos e grupos de pesquisa do PEC, além de se manter atualizado o site. Por parte da instituição, houve a contratação de uma empresa especializada em propaganda para melhorar a aparência das notícias, deixando a informação mais chamativa e desta forma, ajuda na divulgação.
f) Uma fragilidade comum a diversas instituições pública está na sua infraestrutura. Embora a maior parte dos discentes e egressos concordem que a mesma supre as necessidades básicas da pesquisa, percebe-se a falta de equipamentos avançados nos laboratórios envolvidos na pesquisa. As atitudes para diminuir esta fragilidade passa por buscar cada vez mais a aprovação de projetos de pesquisa junto instituições públicas e privadas.

Além disso, o colegiado do PEC tem analisado periodicamente o desempenho nos diversos indicadores para identificar os pontos prioritários que podem ser aprimorados, tendo verificado que vale a pena intensificar esforços para melhorar a questão das bolsas e a questão do número reduzido de docentes. Em função das condições financeiras de muitos alunos, as bolsas são essenciais para que o discente possa realizar o mestrado dedicando o tempo e a atenção necessária para fazer uma boa pesquisa técnico-científica. Para isto, o Programa tem intensificado esforços para buscar apoio de bolsas ou financiamento das pesquisas pelos setores público e privado.

A resolução CEPE n° 086/2020 está disponível para download abaixo:

Resolução CEPE n° 086/2020
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